educadora popular
me movo como educador, porque, primeiro, me movo como gente
– paulo freire, em “pedagogia da autonomia”
desde criança cresci com minha mãe dizendo que a “prática é o critério da verdade”. tal pensamento leninista, me guia por todos os caminhos e em todos os meus crescimentos (ainda me considero crescendo). a prática, o pé no chão, me convoca a olhar de uma outra forma. uma aproximação à prática. a práxis me faz desejar praticar juntas(os/es) naquilo que se faz ordinário como extraordinário. assim, a educação popular é também minha prática de liberdade.
meu trabalho artístico conflui com minha militância política e é atravessado por “estratégias pedagógicas com as quais a arte pode aprender” - como disse a curadora Clarissa Diniz sobre meu trabalho. me implico, há quase 10 anos na militância indígena e na formação audiovisual de diversos povos e sobretudo na formação audiovisual com mulheres indígenas.
sou também professora de oficinas para não indígenas, tendo atuado em diversas Universidades, Instituições e projetos. atualmente sou educadora no Instituto Catitu e na Academia Internacional de Cinema de São Paulo. recentemente, fui educadora no Comitê Interaldeias, no Centro de Trabalho Indigenista, Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural, Sesc, Porto Iracema das Artes e nos programas das Universidades: PPGAS-UFG, PPGAS-UFMS e NEABI-IFAL.
os gestos performáticos dos meus desenhos e máscaras, me levaram a experimentar algumas oficinas que realizei com crianças e adultos a partir das máscaras, nas oficinas de audiovisual nas aldeias indígenas:
a primeira ativação com máscaras durante a formação audiovisual em território indígena foi em 2022, na Tekoa Itaóca, terra Mbyá-Guarani. eu estava insegura se ia dar certo, se não iria ser piração demais, porque nunca havia colocado a oficina de máscaras da minha série artística “vândalas mascaradas” numa aldeia e tampouco, numa formação audiovisual. mas a prática que queríamos fazer era sobre “personagens” e suas performatividades quando postas em cena. então, pensei: nada melhor que fazer com que inventem personas, sejam as próprias personagens dos exercícios e fabulem para e com a câmera. todo mundo quis ser bicho!
na oficina audiovisual para mulheres pataxó, em 2023, surgiram papagaios, beija-flores, macacos, corujas, onças, tartarugas, espíritos da floresta… morando dentro das matas e das filmagens. esse foi nosso primeiro exercício de sensibilização audiovisual, um atoinvenção jogando simpatias nas câmeras. bichos surgiram nas frestas e bailaram com os encantados.
ativação com as máscaras na oficina de formação audiovisual pelo @institutocatitu no Território Girassóis (MG), com mulheres Pataxó:
educação de si como
educação com o outro
– clarissa diniz em direito ao choro
essas são algumas invenções que pratico como educadora. no doutorado, ministrei a disciplina “Imagens insurgentes para outros mundos possíveis: linguagens e estéticas Ameríndias” com vários cineastas indígenas e educadores não indígenas, para o estágio docência.
as aulas-encontros estão todas acessíveis pelo link: